Em janeiro do ano passado, a professora de inglês Carina Carvalho, da
Escola Municipal General Vicente de Paulo Dale Coutinho, na periferia
de São Paulo, embarcou pela primeira vez para uma viagem ao exterior.
Contemplada com bolsa de estudos, ela teve a oportunidade de passar 40
dias nos Estados Unidos.
Além das aulas teóricas na Universidade de Notre Dame, na cidade de
South Bend, no estado de Indiana, a professora pôde conviver com
famílias nativas, participar de encontros de leitura e visitar museus
interativos, além de dar aulas, em inglês, a alunos do quinto e do
sétimo anos da escola pública Brown Intermediate School.
De volta ao Brasil, a professora traduz em práticas pedagógicas, no
dia a dia de aulas, o aprendizado com o curso de aperfeiçoamento no
exterior. Com os alunos do primeiro e do segundo anos do ensino
fundamental, ela trabalha com cantigas folclóricas, em inglês. Com as
turmas da educação de jovens e adultos, faz uso das tecnologias. Os
alunos são estimulados a produzir vídeos com diálogos em inglês e a
compartilhá-los pela internet.
“O aperfeiçoamento da linguagem escrita e oral e o conhecimento de
novas tecnologias e metodologias foram de grande importância e se fazem
úteis diariamente na minha prática docente”, afirma a professora,
formada em letras. Há 13 anos, ela leciona na rede municipal de São
Paulo. “É preciso avançar em cursos como esse, que tive o privilégio de
realizar no exterior”, diz. “Muitos professores, como eu, nunca tiveram a
oportunidade de sair do Brasil e muito menos conseguem arcar com custos
de um curso em um país estrangeiro.”
Projeto — Nos últimos dois anos, 1.607 professores
de inglês da educação básica de escolas públicas fizeram curso de
aperfeiçoamento, em diferentes níveis, nos Estados Unidos como bolsistas
do Programa de Desenvolvimento Profissional de Língua Inglesa nos EUA
(PDPI), uma parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação e a Comissão
Fulbright no Brasil. Do total de professores contemplados pelo programa,
o maior quantitativo (34,6%) estava, na época do intercâmbio, no
exercício de docência em escolas públicas do Nordeste, segundo dados da
Fulbright Brasil. Hélio Filho era um deles. Professor do ensino
fundamental em duas escolas públicas no interior da Bahia — Centro
Educacional Luís Eduardo Magalhães, em Sobradinho, e Escola Municipal
Professora Dinorah Albernaz Mello da Silva, em Juazeiro —, ele passou
quase dois meses em curso de qualificação no Miami Dade College, na
Flórida.
A experiência com o intercâmbio o motivou a desenvolver projeto
pedagógico multidisciplinar que envolve música, dança, literatura,
culinária e geografia. A ideia é explorar a cultura dos Estados Unidos.
As atividades terão início no segundo semestre, nas duas escolas.
Formado em letras, com habilitação em inglês, Hélio afirma que são
bem-vindas as políticas de intercâmbio para aprimorar a formação de
professores no exterior nas habilidades exigidas pelo idioma — o falar e
o ouvir, o ler e o compreender.
Apesar de considerar que o ensino da língua inglesa tem deixado
“muito a desejar” e defender a construção de laboratórios de línguas nas
escolas públicas, Hélio garante que é gratificante lembrar, nos 15 anos
atuando como professor de escola pública, que foi e continua sendo
“espelho para muitos dos alunos”. Mesmo sonho da professora Carina: “Uma
sala-ambiente específica para língua inglesa, com recursos didáticos e
tecnológicos, como computadores, laboratório de línguas, vídeo, livros e
materiais didáticos diversos, além de turmas reduzidas de alunos”.
Fonte: www.mec.gov.br
Jornal do Professor
Nenhum comentário:
Postar um comentário